Em entrevista ao
jornal O Globo, o integrante do governo Lula reforçou que as Forças
Armadas — ou seja, Exército, Marinha e Força Aérea — não queriam aplicar um
golpe militar no país.
“Podia ser até que algumas
pessoas da instituição quisessem, mas as Forças Armadas não queriam um golpe”,
afirmou Múcio Monteiro. “É a história de um jogador indisciplinado em uma
equipe de futebol: ele sai, a equipe continua. No final, me parecia que havia
vontades, mas ninguém materializava porque não havia uma liderança.”
Na mesma entrevista, o
ministro da Defesa, pasta à qual as Forças Armadas estão subordinas, reforçou o
perfil de quem estava na Praça dos Três Poderes, em Brasília, na ocasião.
Para parte da esquerda e de alguns setores da imprensa, os atos configuraram em
“tentativa de golpe”.
“Eram senhoras, crianças,
rapazes, moças.”
José Múcio
“Não havia um líder com quem
negociar”, disse Múcio Monteiro, ao destacar que se dirigiu ao epicentro das
manifestações na tarde de 8 de janeiro. “Eram senhoras, crianças, rapazes,
moças… Como se fosse um grande piquenique, um arrastão em direção à Praça dos
Três Poderes.”
O ministro também disse que,
antes das manifestações do 8 de janeiro, um decreto de Garantia de Lei e da
Ordem (GLO) poderia ser publicado pelo Poder Executivo para garantir efetivo
das Forças Militares nas ruas, principalmente em Brasília na ocasião. De acordo
com ele, Lula, no entanto, vetou essa possibilidade.
“Era uma forma de o Exército
ir para a rua e conter”, afirmou Múcio Monteiro.” Tínhamos 1,5 mil homens à
disposição. Mas o presidente disse: ‘GLO não’. Havia um grupo que achava
que, se houvesse GLO, os militares aproveitariam para materializar o golpe.”
Relação de Lula com os
militares
O ministro da Defesa também
foi questionado como anda a relação de Lula com os comandantes das Forças
Armadas. Múcio Monteiro enfatizou essa questão. Conforme ele, a parceria entre
o petista e os militares está “muito boa”.
“O presidente tem uma
relação direta, telefona para cada um dos comandantes”, disse o ministro.
“Minha tarefa foi essa, pacificar as relações.”
Múcio Monteiro deixou em
aberto a possibilidade de deixar o governo Lula. Por fim, ele também falou
sobre, em determinadas ocasiões, acabar como alvo de críticas feitas por
integrantes do PT, justamente o partido do presidente da República.
“Tem muitos que criticam,
outros elogiam”, disse. “Tudo tem seu tempo. Se nós estamos procurando
aproximar, por que vamos mexer? Temos que reconstruir o clima de confiança,
para que as pessoas não sintam que estão sendo punidas. Precisamos primeiro
criar este clima e depois fazer o que algumas pessoas desejam.”
FONTE/CRÉDITOS: Revista
Oeste
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